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Mostrando postagens de novembro, 2025

Quando não se pode mais mudar tanta coisa errada...

vamos viver nossos sonhos... temos tão pouco tempo... Vivemos em um tempo em que a sensação de impotência diante das injustiças sociais se intensifica. Guerras, desigualdades, degradação ambiental, tensões políticas, tudo parece grande demais para ser mudado por pequenos grupos que ainda se mobilizam, quem dirá por um único indivíduo. É nesse cenário que surgem reflexões como a música de Charlie Brown Jr.  A ideia que abre esse texto carrega ao mesmo tempo o peso do desânimo coletivo e o desejo íntimo de uma vida plena. Ela desperta em mim sentimentos contrastantes, tendo em vista a minha recusa em viver só para mim mesmo, esquecendo de todos os problemas do mundo, e também minha impotência diante de tudo isso, o que me leva a tentar viver minha vida, realizar meus sonhos, enquanto há tempo. Os defensores desta perspectiva afirmam que, sim, o tempo humano é limitado, e não apenas em escala biográfica, mas também em âmbito psíquico. Envolver-se de forma obsessiva com os problemas do...

Frankenstein (2025) e as adaptações cinematográficas de obras literárias

Uma adaptação, ainda mais para outros suportes, nunca pode ser 100% fiel ao original. Mas o que está acontecendo com as adaptações ultimamente? Mudam elementos essenciais ao original, quase numa ânsia de dar um toque de autoria ao que seria somente uma imitação. Mas adaptação não é imitação. Certamente não é também apenas transplante de ações e imagens. Basear um filme em uma obra literária deve ser similar ao trabalho do engenheiro, que tem de ser fiel à planta do edifício a ser construído. Assim, a obra cinematográfica adaptada deve funcionar como a realização de uma ideia, a construção concreta do imaginário proporcionado pelas palavras do texto original.  Não costumo ver filmes baseados em livros que li, justamente por esse motivo. Para o leitor, é frustrante ver a obra original mutilada pela adaptação, quando esta retira a aura essencial, o core , o centro que mantém aquela. É o que acontece nas mais recentes adaptações que vi: Frankenstein (2025) e O filho de mil homens (2025...

PLATÃO E A POLÍCIA

N' A República , Platão imaginou uma cidade ideal na qual cada indivíduo cumpriria a função para a qual fosse mais apto. Entre os grupos que a compunham, havia os guardiões, homens e mulheres treinados para proteger a cidade, preservar a ordem e garantir a justiça. Para o filósofo, a função desses guardiões era nobre e exigia não apenas força física, mas, sobretudo, virtude moral. O verdadeiro guardião não deveria lutar por si mesmo, nem por riquezas ou poder, mas pelo bem comum. Sua alma deveria ser domada pela razão, equilibrando coragem com sabedoria e obediência às leis. Platão temia que, sem uma formação ética e filosófica, os guardiões se tornassem tiranos armados. Por isso, defendia que sua educação deveria unir ginástica e música, isto é, disciplina do corpo e cultivo da alma. O guardião ideal seria aquele que, mesmo tendo o poder de usar a força, só o faria em nome da justiça. Ele não seria servo da violência, mas instrumento da ordem racional. Contudo, ao observarmos muit...